Senso comum
Capítulo I
Filosofia: do senso comum ao senso crítico
1. O QUE É SENSO COMUM? Em nossa conversa diária com as pessoas, surge uma série de opiniões sobre os mais variados assuntos. Na maioria das vezes, essas opiniões informais, que ouvimos ou emitimos em nossas conversas, refletem conhecimentos vagos, superficiais ou ingênuos a respeito dos inúmeros lemas que abordamos. Isto é, conhecimentos pouco profundos, adquiridos ocasionalmente no cotidiano, sem uma procura séria e reflexiva por parte das pessoas.
A título de ilustração, podemos dizer que faz parte do senso comum uma infinidade de "frases feitas", repetidas irrefletidamente, rio cotidiano, como as seguintes: homem que é homem não chora; o brasileiro é um povo pacífico; querer é poder; filho de peixe, peixinho é; Deus é a única esperança etc.
Esse tipo de conhecimento mediano, compartilhado pela maioria das pessoas, constitui o chamado senso comum. Pertence ao senso comum um vasto conjunto de concepções a respeito dos mais diferentes temas. Freqüentemente, essas concepções estão impregnadas de noções falsas, parciais ou preconceituosas. Entretanto, o senso comum não é formado, apenas, por concepções falsas ou incorretas mas, também, por concepções verdadeiras. O que as caracteriza, portanto, é o fato de serem produzidas por conhecimentos soltos, superficiais, que não nasceram de reflexões profundas e abertas.
O conhecimento do senso comum possui, habitualmente, as seguintes características gerais:
· imprecisão: conceitos vagos, sem rigor, que não definem claramente seu conteúdo e seu alcance;
· incoerência: associação, num mesmo raciocínio, de conceitos contraditórios, que se anulam em termos lógicos;
· fragmentação: conceitos soltos, que não abrangem, de modo amplo e sistemático, o objeto