Senso comum
É comum observar discussões em torno da explicação da origem da vida, do homem, do mundo, aplicando argumentos científicos, filosóficos, religiosos e práticos. Atentando para as bases argumentativas, pode-se perceber a variedade de formas para explicar um mesmo objeto. É assim o ser humano: eclético e complexo. Como então estabelecer um caminho que possa agregar essa conjuntura de ecletismo e complexidade? A ciência responde, ou será a fé ou ainda a vivência espontânea? Nesse contexto, será abordado o problema da demarcação da ciência e sua relação com o senso comum..
SENSO COMUM X Ciência
O senso comum contribui para que a ciência progrida a partir de dificuldades que emergem no dia-a-dia das pessoas. Poderíamos enumerar várias situações problemas vividas em contextos sociais que exigem da comunidade científica a necessidade de pesquisar, de aprofundar interpretações dos achados e propor soluções ou indicar caminhos para as dificuldades enfrentadas pela população. Muito antes de a farmacologia moderna desvendar cientificamente a ação da cafeína sobre o sistema nervoso central, especialmente seu efeito estimulante, as comunidades indígenas da Amazônia se beneficiavam das propriedades desta substância no alívio da fadiga, através do emprego do guaraná, sem necessariamente compreender sua composição química ou outras possibilidades terapêuticas. Contextos socioculturais diferentes permitem comunidades diversas experimentarem vivências únicas, formularem suas visões de mundo e, a partir destas, desenvolverem maneiras de viver.
Reconhecemos a utilidade da ciência para esclarecer aspectos problemáticos suscitados pelo senso comum, ou seja, para responder sob os cânones científicos aos seus questionamentos, bem como garantir a cientificidade das respostas produzidas para aqueles problemas. Faz-se necessário que os profissionais da saúde compreendam o elo entre a ciência e o senso comum, sob um prisma filosófico, para que, a partir dos dois