Senhor
Faculdades Integradas do Norte de Minas – FUNORTE
Curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo
Montes Claros – 25 de junho de2010
O Sol do Sertão
Adailza Antunes Rodrigues Rocha
Quando eu era criança sempre ouvia minha avó dizer que tomar muito sol na moleira (ou fontanelas para os cientistas), a pessoa podia ficar “ruim da cabeça”, ou de maneira simples, ter delírios.
Sabe que minha avó tinha razão? Assistindo ao filme Deus e o Diabo na Terra do Sol (Brasil, 1964), dar para entender o que ela queria dizer, ou melhor, advertir, pois parece que muito sol na moleira mexe com a mente das pessoas. É claro que o sol por si só não causa tanto transtorno; há um somatório de fatores e situações como a seca, a fome, a fé e o misticismo que o sertanejo convive no dia-a-dia.
Colocando de lado o que é imaginário, a narrativa tem muita verdade. Além de personagens históricos e concretos como o cangaço, os coronéis do nordeste, o misticismo e a Literatura de Cordel, Glauber Rocha soube escolher bem as pessoas para encarnarem o sertanejo; gente simples, sofrida, de pele ressecada, cabelos desgrenhados, mas que nunca perde a esperança.
O autor, de certa forma, ainda causa polêmica ao retratar um Deus negro e um diabo loiro. Pois, sabe-se que, a maioria das pessoas imagina o Criador da Terra como um velhinho de cabelos brancos, pele clara, sentado nas nuvens com seu cajado. E o diabo, pele escura e chifres, soltando fogo pelas ventas. O intuito de Glauber foi alcançado: mexer com o consciente das pessoas.
O filme inicia com Manuel (Geraldo Del Rey) e Rosa (Yoná Magalhães), um casal de trabalhadores nordestinos que sofrem com a pobreza, a fome e a miséria do sertão. O vaqueiro Manuel sentindo explorado e injustiçado pelo patrão, o Coronel Morais (Milton Roda), o mata. Manuel foge com a esposa Rosa da perseguição dos jagunços e acaba se integrando aos seguidores do beato Sebastião (Lídio Silva), no lugar sagrado