BREVE HISTÓRICO DOS PRIMEIROS... Embora já na Grécia Antiga o Homem pensasse na sua natureza como um tema a ser estudado e compreendido, e os gregos já tivessem conhecimento da existência de outros povos com culturas diferentes da sua (que eles chamavam de “bárbaros”), apenas no século XVI é que essas questões tornaram-se cruciais para o homem ocidental, herdeiro da tradição e da cultura grega. Naquela época, o que chamamos de cultura ocidental limitava-se às fronteiras da Europa. O que coloca de maneira tão enfática essas questões ao homem ocidental é o início da era das grandes navegações, quanto o europeu se vê obrigado a procurar novas rotas comerciais, atravessando oceanos e dando início à sua história de expansionismo colonial. A busca de novas rotas comerciais levou-o ao descobrimento da existência de terras além das fronteiras do mundo conhecido por ele e, conseqüentemente, ao encontro com povos que nunca antes havia contado. O impacto dos primeiros relatos desses viajantes, descrevendo as novas terras e seus habitantes, foi bastante grande sobre os europeus. Pela primeira vez, eles se deparavam frente a frente com povos e culturas tão diferentes, e com um agravante: a conquista e domínio das novas terras pressupunha o contato direto e a convivência (pacífica ou não) com eles. O homem ocidental se viu impelido a encarar e entender esse diferente, esse OUTRO. A primeira grande questão que emergiu desse encontro cultural foi como definir esses nativos do novo mundo, isto é, como entender essa diferença, questão que se traduzia numa pergunta: eram humanos ou não? Esses nativos se encontravam fora da cultura e da noção de humanidade do homem ocidental. Foi nessa época que surgiu a noção de “selvagem”, para definir a natureza de povos que tinham costumes tão estranhos ao europeu: andavam nus ou vestidos rusticamente com peles e penas, comiam carne crua, praticavam o canibalismo, falavam uma língua ininteligível, não possuíam escritas, não possuíam um sistema