Secretaria
Elas ainda servem cafezinho e anotam recados, mas agora cobra-se delas mais autonomia e desenvoltura ao lidar com os negócios da empresa. Algumas profissionais contam como desempenham esse novo papel.
Invariavelmente às 8 horas em ponto, Anabela Lobo Ferreira Rodrigues, 39 anos, chega à sede da Shell Brasil, instalada num prédio moderno, em Botafogo, Rio de Janeiro.Secretária do presidente, o inglês David Pirret, ela começa o expediente verificando que compromissos o aguardam ao longo do dia. Depois de inteirar o executivo de sua agenda, Anabela despacha correspondências, retorna ligações, e, se for o caso, cuida do protocolo da viagem de membros da diretoria ao exterior ou da visita de convidados estrangeiros à companhia.
Além dessa tarefas, comuns a prifissionais do seu nivel, Anabela tem autonomia para tomar decisões que há até bem pouco tempo fugiam da alçada das secretárias: ela faz, por exemplo, cotação de preços com prestadores de serviços e fornecedores da presidência, para a qual organiza, se preciso, um coquetel de emergência.
Em seus dezesseis anos de Brasil, quinze de Shell, Anabela, que é portuguesa, vivenciou vários perfis de secretária, moldados de acordo com a cultura empresarial de cada época. Passou bem por todas as fases e encara com tranquilidade as atribuições atuais, desenhadas para empresas enxutas, nas quais, por obra da reengenharia, não há mais espaço nem verba para babás de luxo.
Perfil valorizado
Antes
Agora
Submissa
Dócil
Subjetiva
Mecânica
Disponível
Autônoma
Empreendedora
Objetiva
Criativa
Acessível
A profissional servil que de bloquinho em punho e sorriso nos lábios acata ordens - mesmo as que extrapolam suas atribuições - está em extinção. Testemunha ocular de sucessivos cortes nos departamentos, para se adaptar às exigências de um mercado de trabalho extremamente competitivo Anabela teve de se adequar à nova realidade, requalificando-se e ampliando a abrangência de suas tarefas.