Saúde e trabalho

Saúde e trabalho – por Sueli Lopes dos Santos
Trabalho na área de saúde, Hospital de urgência e emergência, sendo meu cotidiano profissional bastante conturbado. São inúmeras demandas que se apresentam diariamente, com características próprias e ao mesmo tempo correlatas, em que cada usuário traz a busca do direito à saúde, negado muitas vezes através da negação dos demais direitos sociais: moradia, educação, segurança, alimentação, cultura, previdência, trabalho, dentre outros.
Apreender e analisar como as dimensões teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa se articulam em minha prática é um desafio constante.
Inicio minha reflexão consciente de que a legitimidade da profissão se dá no caráter contributivo para a reprodução das relações sociais e que no fazer profissional no cotidiano acaba por esvaziar, diluir e ofuscar as pretensões e sonhos de uma realidade que está longe da vivenciada na sociedade capitalista atual.
Na correria do dia-a-dia na saúde, o técnico-operativo é o que utilizamos para dar as respostas imediatas às demandas colocadas e utilizadas para a reprodução social.
Como é difícil refletir na correria do dia-a-dia acerca de onde se encontra o “concreto pensado”, a “síntese das múltiplas determinações”, as expressões da questão social”, a “alienação” e tantas outras reflexões quês e esvaem e se anulam no número de protocolo, na senha deixada pelo usuário, na imensidão de relatórios e encaminhamentos, nos processos e entrevistas sociais com as investigações características do
“status quo”.
Às vezes vem o olhar do solicitante à memória, um olhar de quem solicita algo e não há clareza de toda a relação social que permeia a solicitação, ou mesmo um olhar agradecido como se a tarefa executada fosse muito mais obra de algum anjo do que de um profissional pago pelo suor do próprio usuário. Continuando, este olhar que vem á memória é interrompido e logo dispersado pelo toque do telefone e pelo bater da porta (outro usuário que precisa ser