Saúde Indígena
No Brasil, entretanto, são poucos os estudos antropológicos desenvolvidos sobre essa temática. Um dos livros pioneiros que aborda as relações entre as medicinas tradicionais indígenas e os sistemas oficiais de saúde é o organizado por Dominique Buchillet (1991), Medicina tradicional e medicina ocidental na Amazônia. Os resultados das pesquisas desenvolvidas pela Área de Medicina Tradicional Indígena (Amti) do Projeto Vigisus II, da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), entre 2004 e 2008, parcialmente publicados no livro Medicinas tradicionais indígenas em contexto (Ferreira, Osório, 2007) também constituem referenciais importantes. (FERREIRA, 2013).
Podemos citar duas experiências de fortalecimento e ‘revitalização’ das medicinas tradicionais indígenas de grande importância no país: o Projeto Medicina Tradicional Baniwa, que integra o Projeto Rede Autônoma de Saúde Indígena da Universidade Federal do Amazonas, desenvolvido desde 1987 (GARNELO ET AL., 2004); e o Projeto Medicina Tradicional no Alto Rio Negro realizado pela organização não governamental Associação Saúde sem Limites em parceria com a Universidade de Pernambuco e a Federação Indígena do Alto Rio Negro, entre 2001 e 2004 (ATHIAS, 2007).
Os sentidos que informam a noção de medicina tradicional indígena são constantemente revisados em cada evento em que ela é colocada em pauta, o que propicia a emergência de constelações semânticas inéditas em cada localidade em que ela é acessada.
Sabemos que o campo discursivo e interétnico da saúde indígena é conformado por uma diversidade de agentes socialmente posicionados e distribuídos em espaço social que extrapola as fronteiras nacionais. As relações sociais estabelecidas nesse campo articulam múltiplas localidades – as comunidades e os povos indígenas – às escalas