saude indigena
Pesquisando a produção sobre a saúde indígena no Brasil, observamos que ela se tornou expressiva nas Ciências Sociais muito recentemente. No que se refere ao volume de investigações, verificamos, por exemplo, em consulta feita à base de teses e dissertações da Capes, que de nove teses e dissertações produzidas na década de 1990,1 passamos para um total de 36 no período entre 2000 e 2010, ou seja, observa-se que este número quadruplicou em 10 anos. É claro que, se considerarmos o conjunto de teses e dissertações das ciências sociais produzidas nesse mesmo período, este número permanece reduzido. O que pretendemos argumentar aqui é que não se pode analisar a importância, em especial da antropologia, nos estudos de saúde indígena apenas por esta expressão quantitativa.
Desta perspectiva, discutir a relevância e o significado de tal produção com foco na contribuição antropológica e apresentar sua genealogia na antropologia brasileira são os objetivos deste artigo.
A rota escolhida para isto foi inicialmente explorar o banco de dados de teses e dissertações da Capes e investigar os grupos de pesquisa registrados no CNPq ou informados nos sítios dos programas de pós-graduação em antropologia, a fim de esboçar um panorama geral da produção das ciências sociais sobre o tema e qualificar o lugar da produção antropológica. Em seguida, buscamos inserir os números aferidos em contextos mais abrangentes que nos possibilitassem compreendê- los enquanto parte de um processo que se insere simultaneamente nas dinâmicas do campo científico e do campo político brasileiros. Somente então traçamos algumas convergências temáticas próprias da produção antropológica ao longo das últimas décadas e apontamos certos desdobramentos de pesquisa que vêm se configurando como linhas fortes.
Anuário Antropológico/2012-I, 2013: 35-57
36 Antropologia e saúde indígena
Os números em contexto e