saude
Investiga-se a configuração da oferta e a demanda por serviços de média complexidade do Distrito Federal (DF) e municípios de Goiás e Minas Gerais próximos a Brasília (Entorno). Parte-se da hipótese de que a organização da oferta dos serviços de atenção básica (AB) do DF e Entorno sobrecarrega os serviços de média complexidade (MC), aumentando as ineqüidades do acesso. Os objetivos da pesquisa foram: a – analisar a demanda por serviços de MC no DF e sua relação com a AB; b – quantificar procedência, problema de saúde, motivo da procura, tempo de deslocamento e procedimentos realizados em pessoas que buscam atendimento nos hospitais do DF; c – indicar prioridades de mudanças na gestão do SUS para a ampliação do acesso. Utilizou-se a avaliação por triangulação de métodos, com complementaridade das abordagens qualitativa e quantitativa. Estudou-se a oferta mediante análise dos sistemas de informação do SUS e a demanda por meio de survey, com 1585 usuários de 7 hospitais do DF. Os resultados sugerem que há subutilização da oferta de serviços do DF, com duplicidade de ações básicas entre os hospitais e os centros de saúde. Recomenda-se rever a regionalização e a hierarquização dos serviços de saúde do DF e Goiás, bem como os dispêndios com a incorporação de tecnologias para a atenção básica.
INTRODUÇÃO
A política de saúde do Brasil é fruto de amplo movimento da sociedade civil pela democratização da esfera pública de decisão, que se consubstancia em garantias constitucionais legitimadoras dos direitos sociais da população. Os princípios universalizantes, democráticos e participativos do Sistema Único de Saúde (SUS) se contrapõem aos modelos de atenção, ineficientes e pouco resolutivos, que privilegiam o enfoque curativo – hospitalocêntrico, verticalizado, fragmentado, tecnicista. A efetiva implementação das diretrizes do SUS se configura como possibilidade de mudança na forma como os serviços e as práticas de saúde se organizam, redirecionando ações e