Saude
Crianças e adolescentes em abandono e vivendo em situação de risco social representam uma realidade de nossa sociedade, que deve ser analisada sob os olhos de nossa conjuntura social, levando em consideração a historicidade desta questão, movida por acontecimentos sociais, interesses políticos e econômicos. Representam a concretização e legitimação do abandono social da infância; poderíamos dizer do descompromisso do Estado para com a família e para o papel social que esta possui.
“Meninos e meninas de rua” devem ser percebidos como quaisquer outras crianças e adolescentes; porém, a necessidade - de cunho material, de afeto ou proteção impulsiona-as para a rua. São provenientes de famílias trabalhadoras expropriadas com uma história de vida marcada pela luta constante pela sobrevivência (MINAYO, 1993).
A denominação “crianças e adolescentes em situação de rua” é, dentre os inúmeros termos encontrados, a que melhor expressa a real condição destes indivíduos, que não pertencem à rua, mas encontram nessa uma circunstância de vida. GRACIANI (1997) compreende este grupo como oprimidos e relegados pelo sistema social e não como marginais sociais, sendo que a classificação “de” e “na” rua expressa uma categoria social que tem a rua como um território de vida e de trabalho resultante de um processo social de dominação, exploração e de exclusão.
A história do abandono da infância e adolescência insere-se em uma trama social do mundo contemporâneo, marcado por um modo de produção excludente, de concentração de renda e, conseqüentemente, de poder. Permeado por inúmeras crises e remodelado em inúmeras formas, atualmente tem como modelo o neoliberalismo de mercado, que re-introduz o liberalismo clássico, elitista.
Com isto, há o agravamento paulatino da distribuição desigual de riqueza e o crescimento das massas desfavorecidas, com altos índices de desemprego e de miserabilidade, atingindo diretamente e desestruturando a instituição de