Sartre e o existencialismo
Sartre, em sua conferência, O Existencialismo é um Humanismo, proferida e publicada em 1946, defende, diante das questões de alguns católicos e marxistas, que o Existencialismo não se trata de uma Filosofia pessimista, contemplativa e passiva. Sartre concebe o Existencialismo como uma doutrina que torna a vida humana possível e, por outro lado, declara que toda verdade e toda ação implicam um meio e uma subjetividade humana. Ele diz que a maior parte das pessoas que utilizam o termo “Existencialismo” ficariam bem embaraçadas se tivessem que explicá-lo, pois essa palavra tinha assumido uma tal amplitude e extensão que já não significava absolutamente nada. Mas Sartre afirma que o Existencialismo é uma doutrina menos escandalosa e a mais austera; e destina-se exclusivamente aos técnicos e aos filósofos. No entanto, pode definir-se facilmente.
Há duas espécies de Existencialismo: de um lado há os cristãos, entre os quais Sartre inclui Jaspers e Gabriel Marcel; e, de outro lado, há os existencialistas ateus, entre os quais Sartre inclui Heidegger, os existencialistas franceses e ele próprio. Nessas duas espécies, o que há em comum é simplesmente o fato de admitirem que a existência preceda a essência ou que se deve partir da subjetividade. Para mostrar o que deve ser entendido por “existência que precede a essência”, Sartre dá um exemplo: “Consideremos um objeto fabricado, como um livro ou um corta-papel; esse objeto foi fabricado por um artífice que se inspirou num conceito; tinha, como referenciais, o conceito de corta-papel assim como determinada técnica de produção, que faz parte do conceito e que, no fundo, é uma receita. Desse modo, o corta-papel é, simultaneamente, um objeto que é produzido de certa maneira e que, por outro lado, tem uma utilidade definida: seria impossível imaginarmos um homem que produzisse um corta-papel sem saber para que tal objeto fosse servir. Podemos assim afirmar que, no caso do corta-papel, a essência — ou