O existencialismo de Sartre
Por Jéssica Botelho
Passados mais de quarenta anos da morte do filósofo francês Jean Paul Sartre, ainda hoje é difícil compreender e se assumir existencialista. Em uma sociedade altamente informatizada, onde conhecimento está a um clique, não é complicado encontrar textos, vídeos e diversos materiais que expliquem a filosofia sartriana. Porém, alguns estigmas e comportamentos continuam enraizados na sociedade e são poucos aqueles que adotam o pensamento existencialista em sua vida. Por que? Para o existencialista ninguém mais é responsável por sua existência (e escolhas) do que ele mesmo. Então, que lugar teria tal filosofia em uma sociedade onde as pessoas buscam por doutrinas, religiões, deuses que justifiquem suas escolhas?
Refletir sobre o existencialismo nos exige pensar a liberdade também. É muito comum que se pense que ser existencialista é fazer o que bem entender. Pois bem, o homem quando nasce, para Sartre, não é nada. Ele só passa a ser algo, alguém quando se reconhece como um sujeito, quando se percebe em seu contexto social, quando ciente de que pode fazer escolhas por si. Entre os religiosos, obviamente, Sartre foi duramente criticado, pois lembremos “Deus foi quem criou o homem a sua imagem e semelhança” e para cada homem já tem o roteiro de sua vida escrito, já sabe o que ocorrerá a cada um. Daí que surge o incômodo: se o homem tem essência mau, outras forças o impedem de seguir os mandamentos cristãos. Se para o bem ele coopera, então age de acordo com o que Deus espera dele. Seja de que forma aconteça, o homem jamais é responsabilizado por suas ações. E é exatamente aí que o existencialismo de Sartre é acusado de pessimismo. O homem é figurado como um sujeito egoísta, que livre das vontades de Deus dificilmente agirá de modo a pensar no seu próximo. Mas o filósofo francês tem calma para explicar que se o homem pensa e busca para si próprio o bem, escolhe isso também para seu semelhante, portanto se