Saramago
Editorial Caminho
Quase que por milagre, um Homem, enquanto conduzia o seu carro ficou cego. Nada nem ninguém o poderia prever. Parado num semáforo, enquanto espera o sinal mudar, o
Homem gritou “estou cego”! Sem perceber o que lhe tinha acontecido entra em pânico, e pede ajuda aos que por ali se encontravam…”alguém que me leve a casa”! Um dos presentes oferecesse, e no carro do cego, deslocam-se até à casa do mesmo. Cego, o
Homem não se teria apercebido que estaria a ser ajudado por um ladrão. Ladrão esse, que acaba por lhe conseguir ficar com as chaves do carro e roubar-lho. Apesar do arrependimento e de tentar remediar o acto que teria cometido, abandonando o carro, o ladrão acaba por cegar também.
Ao chegar a casa e aperceber-se do que teria acontecido ao marido, a mulher do primeiro Homem a ficar cego, de imediato recorre ao primeiro oftalmologista que lhe aparece e agenda uma consulta de urgência. É ai que ambos se apercebem que foram roubados, pois querem deslocar-se no seu próprio carro e não o encontram.
Já no consultório do Médico, encontravam-se na sala de espera um Velho com uma venda preta, um Rapazinho estrábico acompanhado pela mãe, uma Rapariga de óculos escuros e mais algumas pessoas. O cego é atendido de imediato deixando o Médico incrédulo pela situação. Após ser examinado meticulosamente, o oftalmologista conclui que nada de errado se passa com os olhos do Homem e manda-o fazer alguns exames para que pudesse chegar a alguma conclusão.
Esta era uma cegueira diferente da que era conhecida, “era branca, idêntica a um mar de leite”. Já tendo pedido uma opinião a um colega especialista na mesma área com pouco sucesso, o Médico quando chega a casa, ainda interrogado pela situação, comenta com a sua esposa o marcante acontecimento do dia e decide alcançar uma justificação coerente nos livros técnicos que tem em casa. Além de não conseguir chegar a nenhuma