SANTAELLA
Entre os sete pecados capitais, Lúcia Santaella discorre sobre a ira (raiva). Para tanto, estabelece uma conexão com a obra Medéia de Eurípedes, o qual analisa a raiva sob a perspectiva da personagem. Medéia narra o drama de uma mulher que deixou tudo para trás, sua pátria e família para seguir ao lado de um grande amor, Jasão, até ser traída por ele. Injustiçada e furiosa a feiticeira não poupa esforços para vingar-se de Jasão: mata os filhos que teve com o marido e lança sobre ele terrível maldição. Dessa forma, tendo como base autores como Greimas, Peirce e Lakoff, a autora defende que a raiva é um sentimento complexo que subdivide-se em: emoções naturais, instintivas; emoções morais e os sentimentos lógicos – abordados por uma relação triádica peirceana. Santaella então justifica a raiva de Medeia como um Santaella como legi-signo, pois, em função de ser um sentimento, e desenvolvido e ocorre durante um período de tempo que atua sobre o corpo e a mente. A partir dessa análise é possível para autora justificar a raiva de Medeia como um pecado capital, sua aparência não altera, mas seus aspectos agressivos e vingativos são extremamente ressaltados na obra e pela autora. Por fim, Santaella expõe a personagem Medeia como expressão clara da raiva, selvageria e descontrole, pois suas emoções são primitivas. Sua sede por vingança provoca sentimentos grotescos nos quais não condizem com os valores morais os quais deveriam ser aprendidos ao viver em sociedade. Sua raiva é um pecado capital e mortal, fazendo com que Medeia seja vazia de sentimentos, movida apenas pelo ódio, sendo capaz de matar seus próprios filhos.