SANTAELLA L Cia
11.
os TRÊS
PARADIGMAS DA IMAGEM
Este trabalho propõe a existência de três paradigmas no processo evo1utivo de produção da imagem: o paradigma pré-fotográfico, o fotográfico e o pósfotográfico (ver Santaella 1994b). O primeiro paradigma. nomeia todas as imagens que são produzidas artesanalmente, quer dizer, imagens feitas à mão, dependendo, portanto, fundamentalmente da habilidade manual de um indivíduo para plasmar o visível, a imaginação visual e mesmo o invisível numa forma bi ou tridimensional. Entram nesse paradigma desde as imagens nas pedras, o desenho, pintura e gravura até a escultura. O segundo se refere a todas as imagens que são produzidas por conexão dinâmica e captação física de fragmentos do mundo :visível, isto é, imagens que dependem de uma máquina de registro, implicando necessariamente a presença de objetos reais preexistentes. Desde a fotografia que, de acordo com André Bazin (apud Dubois 1994: 60), na sua
"gênese automática", provocou uma "reviravolta radical na psicologia da imagem", esse paradigma se estende do cinema, TV e vídeo até a holografia. O terceiro paradigma diz respeito às imagens sintéticas ou infográficas, inteiramente calculadas por computação. Estas não são mais, como as imagens óticas, o traço de um raio luminoso emitido por um objeto preexistente - de um modelo - captado e fixado por um dispositivo foto-sensível químico
(fotografia, cinema) ou eletrônico (vídeo), mas são a transformação de uma matriz de números em pontos elementares (os pixels) visualizados sobre uma tela de vídeo ou uma impressora (Couchot 1988: 117).
A palavra "paradigma" tomou-se célebre desde a publicação, em 1962, de
A estrutura das revoluções científicas, de Thomas S. Kuhn. Nessa obra, e mais especialmente em textos posteriores (1970, 1974, 1977, 1984, 1987, 1993), nos quais o autor foi levado a dar explicações sobre uma série de ambigüidades no uso da palavra, paradigma se define em dois sentidos, um mais vasto, outro mais específico. O mais