Salústio e Cícero

SALÚSTIO CONTRA CÍCERO: REFLEXOS DOS PENSAMENTOS OPOSTOS NAS OBRAS RELATIVAS A CATILINA E NOS RETRATOS DE CÉSAR
Salústio e Cícero foram figuras extremamente impressionantes. Dois políticos de grupos opostos, porém expressividade considerável. Dois pensadores imortalizados por suas obras, tanto pela qualidade literária demonstrada por tais como por sua condição histórica e historiográfica. Mesmo o período vivido por eles, passando da ascensão e morte de César ao governo de Otávio, está entre os mais emblemáticos da Roma Antiga, marcando pra sempre o imaginário que temos desta. Mas mesmo com tantos fatores a seu favor, Cicero e Salústio não forma os únicos a viver em tais condições: por que tratar especificamente desta dupla, e como conjunto, ao invés de isoladamente? Aqui reside a particularidade deles. Longe de serem simples “adversários cordiais”, tais homens demonstraram verdadeira (e mútua) inimizade, o que acaba perpassando seus escritos. A decisão que tomei de tratar de seus textos referentes à condenação de Catalina, bem como suas representações de Júlio César, vem desta dualidade entre a formalidade e sobriedade sugeridas por seu legado textual e as falas pessoais entremeadas neste.
A conspiração encabeçada por Catilina deu-se entre 63 a.C. e 62 a.C., culminando com a morte deste, no último ano, ao ser cercado pelas legiões de Marcelo Celer e Antônio. Cícero, durante o acontecido, discursou no Senado contrariamente ao conspirador, e diz-se ter sido de importância fundamental para a resolução da questão seguir como foi; são dele as Catilinas, conjunto de tais discursos até hoje estudados por suas argumentação. Seu retrato de Catilina é exclusivamente negativo, beirando o pejorativo: para ele, está falando sobre um homem sem virtudes, alguém desprezado e desprezível. É visivelmente um texto destinado à fala, trabalhando suas ideias com certa “teatralidade” (mesmo com a própria visão acima citada) e tornando-as persuasivas, com argumentos marcantes. Também