Sala de aula é lugar de brincar?
Tânia Ramos Fortuna2 "Brincar com as crianças não é perder tempo, é ganhá-lo. Se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem." (Carlos Drummond de Andrade) Introdução Que relações pode o jogo estabelecer com a Educação? Qual é o papel da atividade lúdica na aprendizagem e no desenvolvimento humano? Afinal, sala de aula pode ser um lugar de brincar? E se for, qual é o papel do professor? Como o jogo entra no planejamento da aula? Como formar o educador que brinca? Questões como estas animam o debate sobre a sala de aula contemporânea na perspectiva lúdica, e o fazem sem produzir respostas conclusivas e unidirecionadas. Serão estas perguntas sem respostas taxativas uma primeira demonstração do impacto que produz o jogo quando presente na cena educacional? Que outros efeitos o binômio jogo - educação gera? Jogo, brinquedo, brincadeira ou ludicidade? Ao tentar definir jogo, Huizinga (ed. orig. 1938) descreveu-o como uma atividade voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotada de um fim em si mesma, acompanhada de um sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da vida cotidiana (caráter fictício). Caillois (ed. orig. 1958) sublinhou sua dimensão imprevisível, cujo desfecho não se pode determinar, dependente que é da capacidade de inventar do jogador. Delimitar com exatidão o que é da conta do jogo, brinquedo, brincadeira, ludicidade expõe a própria etimologia do jogo. É de Huizinga, também, a ponderação de que as diferenças lingüísticas relacionam-se com o valor social que tem o jogo em cada sociedade. A ausência de uma palavra indo-européia comum para o jogo é um indicador do caráter tardio do surgimento de um conceito geral de jogo. Apesar disto, diferentes línguas enfatizam os mesmos