Sagrado e profano
Reflexões sobre a perca de sensibilidade para com o sagrado
Paolo Cugini
1. No mundo liquido – para utilizar uma famosa expressão do sociólogo polonês Bauman – aonde todos os valores perdem de espessura e de solidez e viram banalidade, que é exatamente aquilo que estamos observando na nossa época apelidada de pós-moderna, até os autênticos valores religiosos estão sendo afetados por esta doença cultural que podemos chamar de mesmismo. Quando se perde o sentido da medida tudo se torna igual, e num mundo sem critérios, não existe nada que possa ser colocado acima ou em baixo. Tudo é igual, quer dizer que tudo é a mesma coisa, ou seja, nada tem valor. E assim, uma Igreja se torna um salão, um espaço público qualquer, aonde as pessoas se encontram para realizar um culto, da mesma forma que no mercado o pessoal se encontra para fazer negócios, e no fórum para resolver problema. Se não existe uma hierarquia de valores, porque ninguém pode dizer aquilo que vale mais de que outra coisa, até os espaços se tornam idênticos, flexíveis, intercambiáveis, como se tudo fosse a mesma coisa. Parece-me este o sentido de uma maneira de pensar e de agir – pós-moderno? – que encontramos no âmbito católico. A perca do sagrado, ou melhor, do sentido do sagrado, leva o povo a perder a sensibilidade sobre o sagrado, mas também a incapacidade de viver conforme o apelo que o sagrado manifesta toda vez que se apresenta na história. É o projeto da humanidade que é em risco, projeto que por causa do esquecimento do sagrado risca de permanecer num nível mundano, não permitindo ao homem de se realizar como criatura.
2. É importante, nessa altura lembrar o fruto da pesquisa de filosofo da religião Mircea Eliade o qual dizia que a manifestação do sagrado transforma o objeto da manifestação e também o espaço onde o sagrado se manifesta em algo de sagrado. Por isso a equalização dos valores que acontece quando se perde o sentimento do sagrado, incide sobre a vida