Saga brasileira
No final dos anos 80 e inicio dos anos 90 o país se via envolto de taxas inflacionárias que tinha hora certa para ser divulgada, pois nesta época mexia demais com a vida financeira da população. A inflação ao mês girava em torno de 40%, 50% e até 80%. Nesta época o que rendia bons lucros era colocar a renda no overnight. Dar o calote também se tornou um bom negócio, muitos empresários deixaram seus títulos irem a protesto, pois assim ganhavam tempo e naquela época tempo era igual a dinheiro. Quando quitavam a divida no cartório não pagavam correção monetária, ou seja, um excelente negócio para quem estava devendo. Fazer cálculos nesta época era o cotidiano dos empresários, pois isto definia seus lucros ou até mesmo sua falência. Nem todos os setores estavam a beira de um colapso, os bancos, por exemplo, ganhavam muito dinheiro com investidores do over. O dinheiro deixado no mercado financeiro era lucro certo, pois assim que a inflação aumentasse a remuneração aumentava também.
Para dificultar ainda mais as coisas para as empresas varejistas que tinham que diariamente mudar os preços de suas mercadorias, vigorava no Brasil a Lei da informática que impedia a importação de softwares que facilitavam este trabalho e os produtos feitos no país eram inferiores, lentos e de pouca qualidade. Os empresários também eram obrigados a manter pouca quantidade de produtos nas lojas, o que fazia com que a diferença de preços do mesmo produto de uma loja para outra muitas vezes fosse de 125%.
Sempre que houvesse rumores de aumento de um determinado produto como gasolina, por exemplo, as pessoas corriam aos postos para abastecer. Estocar comida em casa era comum naqueles dias, pois a escuridão econômica assolava o país.
Uma paulista de 53 anos, que não tinha o primário, fez um curso prático de economia e montou uma maneira de administrar as despesas da casa. Abriu 12 cadernetas com aniversários diferentes, uma delas fechava a remuneração do mês.