Livro Saga Brasileira Miriam Leitão em pdf

960 palavras 4 páginas
As novas ideias tinham estado em debate interno nas equipes da Fazenda, Planejamento e Banco Central, mas o presidente não quisera arriscar. João Sayad, no Planejamento, tinha estimulado Persio a pensar na aplicação prática da nova ideia. No Banco
Central, Bracher incentivava André. Edmar Bacha se dividia entre o IBGE, onde comandava uma reforma, e essa discussão. Andrea Calabi, secretário-geral do Ministério do
Planejamento, também. Da Fazenda participavam das conversas os economistas Luiz
Gonzaga Belluzzo e João Manoel Cardoso de Mello, sem o entusiasmo de Persio, André e Bacha. De fora do governo, Francisco Lopes foi chamado para algumas reuniões prévias nas quais não se falava do plano como medida a ser adotada. Ainda era apenas uma alternativa teórica. O diretor de Mercado de Capitais do Banco Central, Luiz Carlos
Mendonça de Barros, também começou a participar das conversas.
Era um grupo heterogêneo, que se desentenderia até o final. André, Persio e Bacha eram amigos da PUC. Sayad e Calabi eram amigos de infância. Um descendente de árabes, o outro, de italianos, diferença jamais notada na diversidade paulistana. A única distância da dupla era que, quando crianças, Sayad morava na rua Itaquaçu, e Calabi na
Itabaquara, no bairro do Pacaembu. Cresceram juntos, estudaram juntos na Economia da USP e foram para o exterior: Calabi para Berkeley e Sayad para Yale. João Manoel e Belluzzo tinham se conhecido no curso de admissão ao ginásio do Colégio São Luís
Aqui, uma breve interrupção para contar como Mendonça de Barros tinha ido parar no governo. O caso é revelador do processo decisório no governo Sarney.
O empresário Matias Machline, dono da Sharp, uma fabricante de eletrônicos na
Zona Franca de Manaus, era muito amigo de Sarney. Chamado para uma reunião no
Palácio, na qual o presidente estava escolhendo os novos integrantes do Banco Central,
Machline sugeriu o economista Ibrahim Eris para presidente. Dílson Funaro bateu pé em Fernão

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