Ryle
Ryle abre seu livro indicando que seu objetivo é demonstrar que os princípios centrais da doutrina dualista cartesiana estão errados e vão de encontro ao que se sabe sobre a mente. Para Ryle, a doutrina é tão dominante que se pode chamar de doutrina oficial.
Ryle resume a doutrina oficial, que, para ele, vem principalmente de Descartes, dizendo que todo ser humano tem um corpo e uma mente e complementa “O seu corpo e a sua mente são geralmente reunidos, mas depois da morte do corpo sua mente poderia continuar a existir e a funcionar” (p. 13).
Os corpos humanos estão no espaço, segundo Ryle, e se submetem às leis mecânicas. Ryle diz que o corpo tem uma vida pública, pois é acessível a todos o que o corpo faz. A mente, por outro lado, não se sujeita a essa lei porque não está no espaço e o funcionamento da mente é privado, que ela tem uma vida privada, na medida em que só o “proprietário” da mente conhece seus processos.
Ryle salienta que se costuma definir, simbolicamente, a bifurcação mente-corpo como “interior”, quando realizado pela mente, e “exterior”, quando realizado pelo corpo. Ryle observa que ao aprofundar essa simbologia encontra-se uma pretensão filosófica de supor que há duas espécies diferentes de existência. E, assim, explana: “É característica necessária daquilo que tem existência física que ele está no espaço e no tempo, e é característica necessária do que tem existência mental que ele está no tempo mas não no espaço” (p. 15).
Assim, Ryle conclui que há uma oposição entre mente e matéria. Porém, sustenta que somente através do mundo físico a mente de uma pessoa pode influenciar a mente de outra.
Ryle observa que a doutrina oficial supõe que a auto-observação que a mente faz é imune à ilusão, à confusão ou à dúvida. Supõe-se que os sentidos físicos podem se enganar, mas a mente não se engana, o