VIDA E CIRCUNSTÂNCIAS HISTÓRICAS Jean-Jacques Rousseau nasce em Genebra em 1712 e morre em Ermenonville, na França, em 1778. Sua vida coincide, portanto, com o reinado de Luis XV e, com as primeiras fraturas sérias no absolutismo europeu, que culminam, na França, com o movimento revolucionário de 1789. O século XVIII assiste assim a um movimento de transformações na sociedade europeia, mas transformações travadas, de um lado, pela prevalência de uma estrutura feudal e, de outro, pelo absolutismo. A riqueza vem da agricultura e os mecanismos feudais obrigam os camponeses a reservar parte substancial da colheita para os direitos do senhor feudal e os impostos reais. Em meados do século, começa o processo de cerca mento dos campos, já que o progresso da agricultura exige a formação das grandes propriedades. O Estado Monárquico hesita, mas de modo geral favorece o interesse dos ricos contra os pobres. Em 1767, os decretos de cerca mento de terras legalizam a prática, para grande prejuízo das comunidades camponesas. O progresso material é acompanhado assim de um progresso da desigualdade, e coube a Rousseau fundar a teoria desse processo dialético. O aumento da desigualdade deriva, portanto, de mudanças no sistema de propriedade, que levarão, mais adiante, a constituir um dos pontos de partida para a formação da burguesia capitalista. Constata-se um claro movimento no sistema econômico, mas ainda não se desenha plenamente uma "nova economia". Do lado político, o regime absolutista ainda é plenamente hegemônico, mas começa a ser contestado e a se enfraquecer. Aumentam os problemas que o Estado enfrenta, enquanto a capacidade de resolvê-los, com Luiz XV, diminui. As resistências se articulam, especialmente nas formações parlamentares do Terceiro Estado, e vão desembocar no movimento revolucionário de 1789. Observam-se, portanto, nas sociedades europeias do século XVIII, dois problemas fundamentais, que constituem o eixo do pensamento político de