Rousseau e o Discurso sobre as Ciências e as Artes:
Rousseau, no ano de 1749, com 37 anos, era até então pouco conhecido. Certa ocasião estava a caminho de Vincennes, nos arredores de Paris para visitar seu amigo
Diderot na prisão, que havia sido detido por conta de algumas publicações consideradas
“progressistas” pelas autoridades civis. No caminho, leu no Mercure de France, jornal que circulava na França em sua época, um anúncio da Academia de Dijon oferecendo um prêmio aquele que fizesse o melhor ensaio sobre o tema: Tem o progresso das artes e das ciências contribuído para a purificação ou para a corrupção da moralidade?
Nesse exato momento, foi tomado por uma luz reveladora. “Rousseau ficou petrificado; foi tamanha torrente de novas idéias e visões que o acometeram que desmaiou e viu-se incapaz por algum tempo de prosseguir sua viagem” (DENT, 1996, p.17). Decidiu participar, ganhando o prêmio de destaque nesse concurso acadêmico, que como afirma o próprio autor genebrino na Advertência de sua obra, “tornou conhecido meu nome”.
Através de um discurso que lembra a maiêutica socrática.
O Discurso sobre as ciências e as artes representa o início das reflexões do autor sobre a corrupção do homem inserido no ambiente social, tema constante e melhor desenvolvido em obras posteriores. em seu primeiro discurso.
Rousseau arma o cenário ideal de questionamento e de crítica aos homens de sua própria realidade em sua forma mais degenerada. A pergunta feita pela academia de
Dijon: se o restabelecimento das ciências e das artes contribui para aperfeiçoar os costumes, foi rebatida por Rousseau com uma segunda pergunta: há alguma relação entre a ciência e a virtude? Sua resposta negativa causou furor entre os intelectuais de sua época. Dessa maneira, segundo Roger (2005), ele deixa deliberadamente o contexto histórico imposto pela questão e volta à oposição clássica entre a ciência e a virtude.
Segundo Rousseau, as artes e as ciências não têm capacidade