Roteiro de leitura
1. ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O pecado original da sociedade e da ordem jurídica brasileira. IN http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-33002010000200001&script=sci_arttext 2. Luiz Felipe de Alencastro: Possui Graduação em Ciências Políticas e História na Universidade de Aix-en-Provence (França), é Doutor em História na Universidade Paris-Nanterre (Paris x), 1986, e Livre Docente em História Econômica no Instituto de Economia no Instituto da UNICAMP (1998). IN http://eesp.fgv.br/professores/luiz-felipe-de-alencastro 3. Tema: O pecado original da sociedade e da ordem jurídica brasileira.
4.
Em 2010, os brasileiros afro-descendentes, os cidadãos que se auto-definem como pretos e pardos no recenseamento nacional, passaram a formar a maioria da população do país. A partir de agora — na conceituação consolidada em décadas de pesquisas e de análises metodológicas do IBGE —, mais da metade dos brasileiros são negros.
Os ensinamentos sobre nosso passado referem-se à densa presença da população negra na formação do povo brasileiro. Todos nós sabemos que esta presença originou-se e desenvolveu-se na violência.
Nenhum país americano praticou a escravidão em tão larga escala como o Brasil. Do total de cerca de 11 milhões de africanos deportados e chegados vivos nas Américas, 44% (perto de 5 milhões) vieram para o território brasileiro num período de três séculos (1550-1856). O outro grande país escravista do continente, os Estados Unidos, praticou o tráfico negreiro por pouco mais de um século (entre 1675 e 1808) e recebeu uma proporção muito menor — perto de 560 mil africanos —, ou seja, 5,5% do total do tráfico transatlântico. No final das contas, o Brasil apresenta-se como o agregado político americano que captou o maior número de africanos e que manteve durante mais tempo a escravidão.
No século XIX, o Império do Brasil aparece ainda como a única nação independente que praticava o tráfico negreiro em larga escala. Alvo da pressão