Riqueza das naçoes e fisiocracia
A discussão das propostas de política econômica fisiocráticas deve começar pela definição mais geral do excedente, e então, a daquela singularmente adotada pelo fisiocratas tendo em vista sua avaliação, origem e atribuição, que por si só esclarecerá em grande parte o ideário no qual se baseiam as propostas destes pensadores. A começar pela definição mais geral do excedente, aceita pelos fisiocratas e por todos aqueles economistas que aceitaram esta categoria, “é aquela parte da riqueza produzida que excede a riqueza consumida ao longo do processo produtivo. Sua importância baseia-se no fato de que constitui a base de um consumo superior — e, por essa razão, muito mais variado e rico do que aquele que reintegra simplesmente a energia operativa despendida na produção —, ou, ainda, no fato de que ela é a fonte de uma reutilização na produção; esta, por sua vez, é colocada em posição de desenvolver-se em uma escala cada vez mais crescente.” (Napoleoni, 1988, pág. 26). Em posse da definição geral, partimos para a definição particular quanto a avaliação (ou medição), origem e atribuição do conceito de excedente fisiocrático. A avaliação, ou medição, do excedente enquanto diferença de duas grandezas constitui para os fisiocratas um problema de ordem física; a avaliação da diferença entre a quantidade de bens empregados e produzidos ao longo do período, dentro de um dado setor produtivo. Quanto à origem e atribuição do excedente, tomaremos inicialmente a divisão da sociedade proposta por Quesnay, na qual existem três classes socioeconômicas, sendo estas: a dos trabalhadores agrícolas (produtiva), a estéril, e a dos proprietários de terra. O fenômeno de criação do excedente é então unicamente atribuído a agricultura, sendo então o trabalhador agrícola no uso da terra o responsável pela formação do excedente. Analisado o fenômeno de criação do excedente, passa a ser importante a análise do fluxo de rendas na economia já que o fisiocrata compreende uma