Rio Branco - resumido
(1902-1912)
Por Amado Cervo & Clodoaldo Bueno
A chancelaria de Rio Branco, entre 1902 e 1912, teve como sua principal obra e resultado a delimitação definitiva dos limites territoriais brasileiros por formas diversas, somando-se a essa, como importantes marcos históricos, o reconhecimento dos Estados Unidos como centro do subsistema de poder regional e a busca de uma aliança pragmática junto a esse país e a recuperação de prestígio no Prata, cujo símbolo foi a concessão sem contrapartida do Rio Jaguarão e da Lagoa Mirim ao Uruguai No que diz respeito às relações com o “grande irmão do norte”, a concepção de Rio Branco se mostra muito pragmática, visto que, por um lado, reconhece, o valor protetivo da Doutrina Monroe e do corolário Roosevelt e até mesmo a possibilidade de as nações mais fortes desempenharem ação benéfica em favor da paz sobre as nações mais fracas, como expôs no relativo aos conflitos internos paraguaios; por outro, no entanto, opõe-se a uma política externa caudatária e automaticamente alinhada, postulando uma aproximação que favoreça a liberdade de ação brasileira na América do Sul, mas que não seja cega às pretensões hegemônicas estadunidenses sobre a sub-região.
A primeira mostra clara desse reconhecimento foi o apoio brasileiro à neutralidade americana no bloqueio imposto à Venezuela por britânicos para cobrança de dívidas. Á ocasião, a consulta prévia britânica aos norte-americanos representou o reconhecimento britânico da potência continental estadunidense, que os argentinos, ao tenta-la fazer mudar de posição em relação à matéria, sinalizaram aquilo que ficaria conhecido como “doutrina Drago”, sobre a impossibilidade de cobrança de dívidas públicas pelo uso da força. Além disso, o “espantalho” Monroe foi útil para o Brasil até mesmo em algumas questões lindeiras, como nas negociações lindeiras com a França em respeito à Guiana e ao Amapá.
O grande símbolo desse