Rimbaud

1313 palavras 6 páginas
Mas voltemos um pouco no tempo. Em Post Scriptum a uma carta de 25 de agosto de 1870 ao amigo e ex-professor Georges Izambard, Rimbaud escreveu: "Em breve, revelações sobre a vida que vou levar após… as férias…" É no mínimo curioso que nove meses antes das duas cartas ditas do Vidente (uma ao próprio Izambard e a segunda - definitiva para esta compreensão – ao amigo Paul Demeny) ele já citasse "revelações" sobre uma vida ainda planejada. Mas é nestas cartas (e mais precisamente na segunda, de 15 de maio de 1871) que seu projeto ao que chamamos de primeira "etapa" – como define Ivo Barroso – a do poeta-criador - se constrói. Da primeira delas, colheríamos apenas estas frases inquietantes: 1) Serei um trabalhador… 2) Trabalhar agora, jamais, jamais, estou em greve… 3) Quero ser poeta e trabalho para me tornar Vidente…
A utilização do verbo trabalhar em três situações seguidas e conflitantes revela, em princípio, um espírito ainda indefinido, mas em processo de organização de algo a se realizar. Esta indefinição, no entanto, é dissipada na correspondência seguinte, onde as tortuosas afirmações dão lugar a proposições mais claras para refletir o seu "projeto". E aqui, chegamos ao cerne do planejamento da "primeira etapa". Escreve Rimbaud: "Afirmo que é preciso ser vidente, fazer-se vidente. O poeta se faz vidente por um longo, preciso e racional desregramento de todos os sentidos. Todas as formas de amor, de sofrimento, de loucura; busca a si, esgota em si mesmo todos os venenos, a fim de só reter a quintessência…"
Analisemos o trecho citado comparando-o, por partes, aos fatos que compõem este período. "Afirmo que é preciso ser vidente, fazer-se vidente": Esta afirmação encontra reflexo no próprio processo em que se fundamentam suas projeções. A expressão "fazer-se vidente" traduz a idéia de preparação, de planejamento, ou do que se espera que aconteça. "O poeta se faz vidente por um longo, imenso e racional desregramento de todos os sentidos": Este "desregramento

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