Rigor acadêmico
Textos de opinião também trabalham com fatos
Por Marcelo Feitoza em 15/05/2012 na edição nº 694
O texto opinativo dá ao autor, jornalista ou não, a liberdade de manifestar os seus pontos de vista e até mesmo de dar vazão às premissas ideológicas que orientam o seu pensamento. Respeitados os fatos, isso é louvável. Em um espaço de opinião, cabe ao autor, ao analisar e aprofundar o noticiário, expressar exatamente o que pensa a respeito de determinado assunto, concorde-se com ele ou não. E é natural que os argumentos contidos no texto sejam construídos em cima de fatos e de um determinado conjunto de ideias, valores. No caso, o filtro é realizado pelo público. Se o leitor não gosta, por exemplo, da análise política feita por determinado pensador tido como conservador, ao passo que admira o texto de um pensador intitulado progressista, ele fará a sua escolha. A divergência de opiniões é legítima e necessária.
É diferente de um texto jornalístico de uma reportagem, como já abordado neste Observatório da Imprensa (ver “A importância da independência do repórter”) Reportagem trabalha com fatos, não com ideias do que sejam os fatos, e ali não cabem voos ousados sob qualquer campo da ideologia. Quem assim o faz, sim, incorre em erro. No entanto, enganam-se os que pensam que um artigo de opinião dá ao autor a liberdade de manipular os fatos e os dados para subsidiar determinada ideia ou causa. Até mesmo os articulistas, especializados ou não no tema abordado no texto, precisam tomar cuidado para que a defesa expressa de suas ideias não seja feita em detrimento da realidade, da verdade.
Se o autor for um especialista, o cuidado é o ponto de partida porque um especialista em determinado tema está acostumado ao rigor do texto acadêmico. Se for jornalista, então, além do cuidado, ele tem a obrigação, o dever ético de apurar e checar os dados e/ou os fatos que sustentam sua argumentação, respeitando-os, no artigo. Neste caso, independe o fato de a