Ricardo Reis: o Epicurismo e o Estoicismo

1603 palavras 7 páginas
RICARDO REIS
ESTOICISMO
. Aceita as leis cruas do destino de forma resignada e conformista;
. Renuncia os prazeres violentos;
. Apatia.
Citações: “Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como um rio”; “Sem paixões, nem ódios, nem paixões que levantam a voz”
EPICURISMO TRISTE
. Defesa do prazer do momento como caminho da felicidade;
. Carpe Diem;

"Não tenhas nada nas mãos" Como é habitual nas odes de Ricardo Reis, o «eu» dirige-se a um «tu», fazendo uso da segunda pessoa e do modo imperativo (“tenhas”), a quem aconselha uma vida estoica, desapegada de bens materiais e de afetos, isto é, uma vida vivida racionalmente em apatia: “Não tenhas nada nas mãos / Nem uma memória na alma” (vv. 1 e 2). O objetivo dessa renúncia surge explicitado nos versos seguintes: aceitar e encarar a morte sem sofrimento, pois não se está apegado à vida terrena. Está aqui presente uma ideia cara a este heterónimo: o princípio estoico da resistência do homem ao sofrimento, à dor, nomeadamente o que resulta da morte, que deve ser encarada a frio, “sem nada nas mãos” (vazio). Note-se, porém, que esse conselho nada mais é do que uma tentativa ilusória para combater a dor e a perturbação causadas pela passagem do tempo e a proximidade da morte. Por outro lado, nenhum poder («trono»), nenhum triunfo ou glória terrena, impedirão a chegada da morte e de nada valerão nesse momento. Mais: nesse momento, o da morte, todas as conquistas em vida, todas as emoções e sentimentos experimentados, todas as glórias e bens pessoais serão “fanados” no momento fatal. Por isso, o ser humano deve renunciar em vida a tudo para, no final do caminho, nada perder. Nesse sentido, são usadas as interrogações retóricas das estrofes 4 e 5, que retratam essa inutilidade das “conquistas” terrenas e a efemeridade da vida. Se o ser humano nada possuir, nada lhe podem tirar. A interrogação da estrofe 4 questiona, basicamente, o seguinte: que coisas pode o homem possuir em vida

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