Epicurismo e Estoicismo
Ricardo Reis é um dos heterónimos de Fernando Pessoa e é discípulo de Alberto Caeiro. Foi educado num colégio de jesuítas e por isso recebeu uma educação neoclássica, daí o seu interesse pelas culturas latina e grega.
Ricardo Reis submete as suas emoções à racionalidade. Trata-se de alguém que julga conhecer a verdade e o caminho para a felicidade e, por isso, escreve os seus poemas com o objetivo de transmitir os seus ensinamentos aos outros.
Nos seus poemas está sempre subjacente a temática do sofrimento relativamente à morte. O sujeito poético considera que tal sentimento é possível de ultrapassar se adotarmos a atitude correta perante a vida.
Assim sendo, Reis rege a sua vida tendo em conta duas vertentes filosóficas: o Epicurismo e o Estoicismo.
O epicurismo é uma filosofia que defende o prazer como o caminho da felicidade. Contudo, para que a satisfação e a felicidade sejam estáveis é necessário um estado de ataraxia, ou seja, um estado de tranquilidade e sem qualquer perturbação. Assim os epicuristas encaram a vida olhando apenas para o presente e gozando-o sem pensar na sua brevidade e na sua fugacidade. A isto Horácio, poeta latino, chamou “Carpe Diem”, termo que significa viver o hoje sem preocupações com o amanhã, desfrutando a vida e os prazeres do momento. No entanto, o epicurismo de Reis designa-se frequentemente de epicurismo triste, pois nos seus poemas revela sempre a consciência de que o tempo passa e tudo é efémero, por isso a fruição do prazer deve ser moderada e disciplinada para atingir o tal estado de ataraxia que já referi. Concluindo, Reis defende que a verdadeira sabedoria é viver a vida de forma equilibrada e serena, sem grandes desassossegos, para que a hora da morte seja menos dolorosa.
No poema “As rosas dos jardins de Adónis” está presente o tema da efemeridade da vida, transmitindo a ideia de que estamos condenados pelo Tempo que tudo devora. Além disso, este poema dá resposta à eventual dor e