Revolução Russa e Rousseau
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
O século XX é considerado um dos períodos mais revolucionários da história mundial, marcado por transformações sociais, políticas e econômicas profundas. Os motivos para as revoluções foram diversos: da independência de países à derrubada de ditaduras – ou mesmo ao estabelecimento de novas.
É inegável que a doutrina do Contrato social, de Rousseau, constituiu o ponto de partida para toda uma época de direito político e para o lançamento das bases da democracia moderna, dado que o fundamento nuclear das ideias ali lançadas é assinaladamente, o princípio da soberania popular como sustentáculo dos sistemas democráticos. Este princípio da soberania localizada no povo – que dela é o único e real detentor – está hoje expresso em inúmeras constituições democráticas e a doutrina da vontade geral, embora um tanto confusa na sua construção, solidificou-se como princípio democrático de caráter irreversível. Observam-se os princípios defendidos por Rousseau no desenrolar da Revolução Russa de 1917, a qual foi um período de conflitos que derrubou a autocracia russa e levou ao poder o Partido Bolchevique, de Vladimir Lênin. Recém-industrializada e sofrendo com a Primeira Guerra Mundial, a Rússia tinha uma grande massa de operários e camponeses trabalhando muito e ganhando pouco. Além disso, o governo absolutista do czar Nicolau II desagradava o povo, que queria uma liderança menos opressiva e mais democrática. A soma dos fatores levou a manifestações populares que fizeram o monarca renunciar e, no fim do processo, deram origem à União Soviética, o primeiro país socialista do mundo, que teve seu declínio em 1991.
Pode-se admitir que o novo estado social, objeto de busca do homem pela conservação, à qual Rousseau faz diversas referências no Contrato exatamente para justificar a agregação (no que, aliás, aproxima-se de Hobbes), seja uma evolução do estado