revolução de 30
É evidente que a escolha de um acontecimento político como marco de periodização nem sempre se deve ao acontecimento em si, mas à condensação de fenômenos em torno dele verificada ou ao processo que ele é suposto iniciar. Se são óbvias as vantagens de tal procedimento, pela economia de meios que ele proporciona, nem sempre são tão claros assim seus inconvenientes. Um deles é o de gerar a tendência para que se transfira ao acontecimento uma dimensão que não é intrinsecamente sua, mas sim do conjunto de fenômenos que ele passa a referir ou a simbolizar enquanto (e apenas) marco de periodização. Não será estranha a essa circunstância uma certa imprecisão ou mesmo ambiguidade de linguagem – e não apenas de linguagem – sobre o que se designa quando se fala na revo de 30: se o acontecimento político propriamente dito, em suas sequencias específicas, ou se o processo que supostamente com ele se inicia ou do qual é expressão. Outro incoveniente dessa forma de periodização é o de induzir à conversão do que pode ser apenas simultaneidade de fenômenos em nexos fortes entre eles; risco esse ainda maior para quem adota (não é o meu caso) uma visão da história seguindo a qual as agitações politicas importantes só adquirem sentido à luz de grandes transformações econômicas. A proximidade entre a crise de 29 e a revolução de 30 agrava esse risco.
A segunda observação é a de que não seria difícil aceitar que a rev de 30 realmente tenha suscitado uma mobilização e introduzido algumas mudanças politicas sem precedentes no páis, a começar pelo fato de ter pela primeira, mobilizado em