Revolta de Carrancas
Em 1833, já se podia encontrar diversos processos de insurreição por todo o território do Brasil. O início do Período Regencial, com a renúncia de D. Pedro I em 1831, havia aflorado tensões econômicas e políticas entre diferentes repartições, instalando a instabilidade e abrindo espaço para todo tipo de conflito, inclusive revoltas escravas. Talvez o exemplo mais notável tenha sido a Revolta dos Malês, na Bahia, mas com devida atenção, a pouco estudada (devido talvez a escassez de fontes ou dificuldade de acesso a elas, que levou esse trabalho a ser uma análise mais historiográfica) Revolta de Carrancas possa constituir-se em um caso tão extraordinário quanto. O documento, na verdade, é o processo-crime iniciado Gabriel Francisco Junqueira, um dos únicos da família a sobreviver ao massacre, que acaba por ser um relato da maior rebelião escrava do estado de Minas Gerais e uma das mais influentes do Brasil. No sudoeste da província de Minas Gerais, Freguesia de Carrancas, no dia 13 de maio de 1833, a fazenda Campo Alegre seria o palco inicial do levante. Inicialmente composto por oito escravos que mataram Gabriel Francisco de Andrade Junqueira, filho do dono da fazenda e delator da rebelião, antes de seguir para a fazenda Bela Cruz. O movimento chegou a contar com 35 escravos armados de foices, ferramentas e mesmo armas de fogo, sendo com certeza a maior insurreição escrava da região sul e acabando por influenciar muitos conflitos posteriores. Ao chegar na fazenda seguinte, a tal Bela Cruz, pertencente a José Francisco Junqueira, irmão do dono da primeira, e agregarem mais escravos, eles usariam de uma violência tremenda para massacrar diversos membros desta família. O sucesso da insurreição durou até a propriedade seguinte, com nome de Bom Jardim, onde o dono João Cândido, alertado por um escravo, já os esperava preparado em sua sala e conseguiu dispersá-los. Os escravos rebeldes foram então caçados por toda sorte de ajuda convocada,