Revendo estereótipos: o papel dos homens no trabalho doméstico
Estudos sobre homens e masculinidades surgiram, no Brasil, a partir da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, das Nações Unidas, realizada no Cairo, em 1994, na qual foi enfatizada a necessidade de envolver os homens e os pais nas questões de saúde, sexualidade e reprodução, que até então diziam respeito somente às mulheres. Foi abordado também nessa Conferência, a necessidade de envolvê-los na vida familiar com o objetivo de reequilibrar, em seu interior, as relações de poder, a fim de atingir maior igualdade entre os sexos. O feminismo e os estudos de gênero já vinham mostrando, desde muito antes, a necessidade de conquistar maior equilíbrio entre homens e mulheres, tanto na “esfera pública” quanto na “esfera privada”, reivindicando que à maior participação das mulheres no mercado de trabalho e nas organizações políticas e sindicais deveria corresponder uma maior participação dos homens na vida privada, através de seu comprometimento não só com a vida sexual e reprodutiva do casal, mas também com a criação dos filhos e com a divisão das atividades domésticas.
Foram levantados dados quantitativos e qualitativos, que analisavam respostas de homens e de mulheres. Na etapa quantitativa, as perguntas foram relacionadas aos afazeres domésticos e o tempo gasto para realizá-los. As respostas, mantendo o recorte de gênero, foram avaliadas segundo variáveis de interesse, como idade, escolaridade, rendimento no trabalho principal, condição na família, condição de ocupação, frequência a creche, média de horas em afazeres domésticos, em ocupações selecionadas e outras. Na análise qualitativa, foram feitas entrevistas exploratórias com pais de crianças pequenas ou mesmo recém-nascidas, indicados segundo a metodologia de “bola de neve”, com o intuito de testar o questionário a ser utilizado como roteiro para os Grupos Focais, cerne da pesquisa, a serem realizados posteriormente. Foram