Tabalho de Sociologia
CRISTINA
BRUSCHINI
(1945-2012)
284 CADERNOS DE PESQUISA v.42 n.145 p.284-297 jan./abr. 2012
TRABALHADORA INFATIGÁVEL, CRISTINA VEIO PARA A FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS EM
meados da década de 1970, passou a integrar o incipiente coletivo de pesquisa sobre mulher, cedo decidiu concentrar aqui suas atividades. Tornou-se uma das mais conhecidas faces públicas da instituição, que ganhou renome de excelência na área de estudos de gênero, em grande parte graças às suas pesquisas sobre trabalho feminino.
Foi das primeiras a afirmar que a entrada das mulheres brasileiras na força de trabalho era um fenômeno irreversível. Firme defensora de suas convicções, sempre argumentou, contrariando visões pessimistas, que a posição das mulheres na sociedade brasileira vinha melhorando gradualmente.
Figura decisiva no processo de consolidação e institucionalização de um novo campo de estudos, formou diversas gerações de jovens pesquisadores. Modelo de sobriedade, comedimento e civilidade, sua postura moderada e desapaixonada contribuiu com frequência para desarmar conflitos e amenizar tensões.
Foi editora executiva dos Cadernos de Pesquisa entre maio de 1993 e novembro de 1999.
Em sua homenagem, divulgamos breves depoimentos que, como instantâneos, iluminam alguns ângulos de seu talento e maestria.
Os Editores
CADERNOS DE PESQUISA v.42 n.145 p.284-297 jan./abr. 2012 285
estilos radicalmente diferentes. Ela me achava “cuca fresca”, o que eu interpretava como um misto de crítica e elogio (dizia o mesmo do Sérgio, seu marido). Apesar disso, estabelecemos uma sólida parceria que durou muitos anos. Eu a conheci em meados dos anos de 1970, quando ela estava preparando sua tese na USP, com a Aparecida Gouveia, que nos apresentou.
Aparecida era muito rigorosa e só aceitava orientandos que demonstrassem seriedade e competência. Uma apresentação dela era um certificado de garantia. Imediatamente convidei Cristina a fazer parte de