Tecnologia e Fantasia: um estudo sobre o consumo dos produtos Avon. As transformações trazidas pela chamada “terceira revolução industrial” (mídia eletrônica, biologia molecular, inteligência artificial, etc.) proporcionaram inovações em diversos campos que vão da medicina às biotecnologias, passando pela indústria cosmética. Um de seus efeitos, o qual nos interessa de modo particular, diz respeito à exacerbação da construção corporal, onde o corpo natural passa por vários processos de manipulação e modificação: corpos anabolizados, cirurgias cosméticas, uso de próteses, malhação exaustiva, perfurações no corpo, técnicas de suspensão corporal, dietas milagrosas, pele alterada pelo uso de cremes, etc. De fato, é no período posterior à Revolução Industrial que o desenvolvimento das ferramentas tecnológicas se fez maior, concorrendo para que suas relações com o corpo humano se tornassem efetivamente presentes (Davanzo, 2008). A partir de então, esse entrelaçamento começa a adquirir os contornos que apresenta na atualidade. Muitos teóricos vêm se interessando pelos impactos dessas inovações tecnológicas na sociedade: Featherstone nos oferece reflexões sobre a flexibilidade e mutabilidade das barreiras e limites do corpo, fenômenos possibilitados por esse inovador arsenal tecnológico. Donna Haraway, quanto a esse cenário, atenta para o papel relevante das biotecnologias na construção de nosso corpo e de nosso self. Outros teóricos da contemporaneidade, como Giddens e Turner, apontam para a idéia de uma liberação social, cultural e sexual através da transformação do corpo, gerando mudanças significativas na natureza da identidade e na construção do self nas sociedades pós-modernas. As estatísticas advindas do estudo do mercado consumidor brasileiro corroboram o crescente investimento desses aparatos tecnológicos sobre o corpo. Dentre seus reflexos, nos interessa o consumo dos produtos da indústria cosmética, que engloba os setores de higiene