Retrato de uma educação formal
Nos dias que tem comida, Comemos comida com a mão
E quando a polícia, a doença, a distância, ou alguma discussão
Nos separam de um irmão, Sentimos que nunca acaba
De caber mais dor no coração Mas não choramos à toa
Não choramos à toa
Aqui nessa tribo, Ninguém quer a sua catequização
Falamos a sua língua, Mas não entendemos o seu sermão
Nós rimos alto, bebemos e falamos palavrão
Mas não sorrimos à toa, Não sorrimos à toa
Aqui nesse barco, Ninguém quer a sua orientação
Não temos perspectivas, Mas o vento nos dá a direção
A vida que vai à deriva, É a nossa condução
Mas não seguimos à toa, Não seguimos à toa
Volte para o seu lar, Volte para o seu lar, Volte para lá
O compositor Arnaldo Antunes retrata na letra da música Volte para o seu lar cantada por Marisa Monte
Que naquela casa, naquela família ninguém frequenta e nem faz questão de freqüentar a escola, portanto não há uma educação formal, e entre estudar e ter o que comer, eles preferem sobreviver para comer nem que seja dia sim ou não, pois sentem fome. E sofrem por viverem separados de suas famílias, sofrem pelas discussões e com as doenças, sofrem por não ter trabalho e condições para sobreviver dignamente. São seres humanos mas a dor já nem dói, sentem dor, mas não reclamam pois chorar não adianta, assim como já perderam a motivação de viver, por isso já não sorriem. Não acreditam em religião ou crenças, não aceitam regras, não se socializam, vivem sem um ideal de vida, sem direção ou seja, não aceitam sugestão ou ajuda
Vivem por viver, não criam expectativas de sobrevivência. E vão vivendo apenas por viver.
Quem sabe um dia voltam para o seu lar mas sem nenhuma expectativa.
Essa é o retrato de uma família pobre, sem esperança, e sem vontade de existir, carente de qualquer tipo de cultura, sem respeito por si próprio e sem nenhuma base