Resumos - "para além do bem e do mal" e "para a genealogia da moral"
PRELÚDIO DE UMA FILOSOFIA DO PORVIR (1885 – 1886)
Nietzsche critica o que ele chama de preconceitos dos filósofos. Os metafísicos pressupõem estimativas de valor em toda a sua argumentação, como quando, por exemplo, dizem que algo não pode nascer do seu oposto. Pode-se questionar, primeiramente, se existem oposições e, em segundo lugar, se aquelas estimativas de valor não seriam apenas perspectivas provisórias. Desse modo, é preciso que surja uma nova espécie de filósofos que não tenha tais preconceitos. A falsidade não é nenhuma objeção contra esse juízo. É preciso admitir a inverdade como condição de vida, opondo-se aos valores habituais. Uma filosofia que se atreve a fazer isso se coloca, assim, além do bem e do mal. Há que se questionar por, por exemplo, por que a crença em juízos a priori é necessária e se o impulso de autoconservação é realmente o impulso cardinal de um ser orgânico. É preciso ainda rejeitar as certezas imediatas, o conhecimento absoluto e a “coisa em si” e resistir às interpretações ruins. A crença em certezas imediatas é uma ingenuidade moral. Mas, o filósofo ressalta que as aparências também são importantes, não se pode, como alguns filósofos propõem abolir completamente o “mundo aparente”, pois assim também se aboliria a “verdade”. A consciência do método exige que se faça um ensaio supondo que nada além do nosso mundo dos apetites e paixões está dado como “real”, a única realidade que temos alcance é a dos nossos impulsos, não se pode entender esse mundo mecânico ou material como mera aparência, mas sim como algo da mesma ordem de realidade que nossa própria emoção. Se pudéssemos explicar os nossos impulsos como vontade de potência, o mundo todo seria justamente vontade de potência. Nietzsche aposta em uma nova geração de filósofos com um espírito livre, mas espíritos verdadeiramente livres e não apenas niveladores escravos do gosto democrático. A mais profunda solidão permite que o espírito seja