A desconstrução ética
“Num ponto qualquer afastado do universo que se expande no brilho de inumeráveis sistemas solares, houve uma vez uma estrela na qual animais inteligentes inventaram o conhecimento. Foi o minuto mais arrogante e mais enganoso da "história universal": mas foi apenas um minuto. Depois de alguns suspiros da natureza, a estrela congelou e os animais inteligentes morreram. - Esta é a fábula que alguém poderia inventar, sem conseguir, contudo, ilustrar que lamentável exceção, vaga, fugitiva e vã, o intelecto humano constitui no seio da natureza.”
RESUMO
Nietzsche faz uma genealogia da moral para entender de onde surgiu a ideia de moral que existe hoje em dia. Segundo ele, os historiadores da moral normalmente atribuem à moral vigente um valor elevado, como se fosse útil e fecunda ao homem, e como se tivesse surgido a partir de uma percepção de que as atitudes ‘boas’ consistiriam em um ‘bem em si mesmo’. No entanto, para Nietzsche esse entendimento é completamente enganoso.
Palavras-chave: desconstrução; ética; moral.
INTRODUÇÃO
É possível, dentro do pensamento de Nietzsche, vislumbrarmos uma nova forma de “valorar”, mesmo após a sua crítica radical à moral, ou seja, mesmo com toda a desconstrução que o autor utiliza como método para criticar a moral vigente? É possível encontrarmos mais do que apenas uma crítica, mas uma nova proposta moral? Podemos considerar que a criação de novos valores implica na constituição de um novo sujeito ético, autônomo, soberano e senhor de si?
Nietzsche indica que se esse homem moral está doente porque não é pleno de si, podendo ser, sim, essa criação a possibilidade de um novo sujeito. Entretanto, se podemos chamá-lo de ético isso dependerá de como podemos encarar justamente a proposta nietzschiana.
Nietzsche tem como cerne de sua crítica a moral cristã, e desse modo, acaba por atingir também todos os outros modelos morais derivativos dessa primeira concepção. A moral interfere nas