Resumo
Este texto coloca em questão os fundamentos históricos e teórico/metodológicos do Serviço Social brasileiro na contemporaneidade, particularizando as décadas de 80, 90 e os primeiros anos do século XXI. Parte do pressuposto de que a profissão e o conhecimento que a ilumina, se explicam no movimento histórico da sociedade. Sociedade que é produto de relações sociais, de ações recíprocas dos homens entre si, no complexo processo de reprodução social da vida. O mundo social é um mundo de relações.
São múltiplas as mediações que constituem o tecido das relações sociais que envolvem esse processo de produção e reprodução social da vida em suas expressões materiais e espirituais.
A análise dos principais fundamentos que configuram o processo através do qual a profissão busca explicar e intervir sobre a realidade, definindo sua direção social, constitui o principal objetivo desse texto.
Conhecer as bases teóricas sobre as quais se firmam os princípios norteadores do serviço social em nosso país é de fundamental importância para a compreensão de políticas públicas que foram ou ainda serão elaboradas e de que formas as mesmas atenderão os cidadãos.
A questão inicial que se coloca é explicar como se constituem e se desenvolvem no Serviço Social brasileiro as tendências de análise e as interpretações acerca da sua própria intervenção sobre a realidade social na qual se move.
Pode-se ter uma compreensão de que o Serviço Social brasileiro, pelo menos inicialmente, tinha um caráter religioso, fundamentando-se nos princípios da religião católica de amparo cristão e inserção do homem pobre à sociedade. Os princípios da doutrina Social da Igreja Católica, Teoria Positivista e Doutrina Marxista, essas três vertentes presentes no início do século XX, interferem diretamente nos fundamentos do Serviço Social. A Igreja, conservadora, atribui um caráter meramente humanístico à atividade do Serviço Social, conferindo a esta a tarefa de “amparar” o sujeito que, porventura,