Resumo
SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as ciências. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2008.
Situado nos fins do século XX, o sociólogo Boaventura de Sousa Santos em seu livro: “Um discurso sobre as ciências” desvela uma arguta análise sobre o pensamento científico desenvolvido ao longo da modernidade no Ocidente. Sua análise parte da revolução empreendida nas ciências a partir do século XVI, rastreando no início do seu texto as coordenadas da ordem cientificista hegemônica do período, o que ele denominou como Paradigma dominante. Nesta seara, percebeu-se que as ciências da natureza e a matemática forneceram ao pensamento moderno as principais ferramentas para a produção científica daquele momento. A força dessas disciplinas (exatas) era tão incisiva que as ciências sociais, principalmente no século XIX, foram reivindicadas a seguirem tais princípios metodológicos e epistêmicos. Entretanto, por outro lado, seguidamente, as ciências sociais também vieram a inquirir um estatuto metodológico próprio, adequado às especificidades do seu campo de conhecimento. Diante disso, começou a se delinear a - Crise do paradigma dominante – o que, para Santos, representou um abalo no padrão epistemológico dominante. Os sinais dessa crise são anunciados a partir das formulações empreendidas por quatro pilares teóricos principais, a saber: a teoria da relatividade de Albert Einstein (que deslocou o princípio de simultaneidade), o surgimento da mecânica quântica de Heinsenberg e Bohr (em que foi percebido o caráter probabilístico e não exato das leis da física), o teorema da incompletude da matemática de Gödel (que questionou a exatidão e o rigor da ciência matemática) e os estudos físico-químicos do estudioso Ilya Pridogine (em que a feitura de análises termodinâmicas apontou para uma organização de não-equilíbrio em processos microscópicos). Tais postulados demarcaram uma feição instável às posturas ideológicas da ciência hegemônica, instaurando, por conseguinte, a