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Fonte:
TAUNAY, Visconde de. Inocência. 19ª ed., São Paulo: Ática, 1991 (Bom Livro).
Texto proveniente de:
A Literatura Brasileira – O seu amigo na Internet.
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Inocência
Visconde de Taunay
I—O SERTÃO E O SERTANEJO
Todos vos bem sentis a ação secreta Da natureza em seu governo eterno, E de íntimas camadas subterrâneas. Da vida o indicio a superfície emerge. (Goethe, Fausto, 2ª parte)
Então com passo tranqülo metia‑me eu por algum recanto da floresta, algum lugar deserto, onde nada me indicasse a mão do homem, me denunciasse a servidão e o domínio; asilo em que pudesse crer ter primeiro entrado, onde nenhum importuno viesse interpor‑se entre mim e a natureza. (J. J. Rousseau, O Encanto da Solidão)
Corta extensa e quase despovoada zona da parte sul‑oriental da vastíssima província de Mato Grosso a estrada que da Vila de Sant'Ana do Paranaíba vai ter ao sitio abandonado de Camapuã. Desde aquela povoação, assente próximo ao vértice do ângulo em que confinam os territórios de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso até ao Rio Sucuriú, afluente do majestoso Paraná, isto é, no desenvolvimento de muitas dezenas de léguas, anda‑se comodamente, de habitação em habitação, mais ou menos chegadas umas às outras, rareiam, porem, depois as casas, mais e mais, e caminham‑se largas horas, dias inteiros sem se ver morada nem gente até ao retiro de João Pereira, guarda avançada daquelas solidões, homem chão e hospitaleiro, que acolhe com carinho o viajante desses alongados paramos, oferece‑lhe momentâneo agasalho e o provê da matalotagem precisa para alcançar os campos de Miranda e Pequiri, ou da