Simbologia: A máquina voadora – constitui um símbolo de liberdade, mas igualmente de luz, de guia. A memória da passarola mantém Baltasar e Blimunda esperançados, durante o longo período obscuro e solitário do trabalho na construção do convento. Bartolomeu e Scarlatti, cúmplices, no modo como olham a realidade, acreditam um no outro, conseguindo “sobrepor-se ao determinismo histórico.” Sete-Sóis – “batismo” de Baltasar, porque só pode ver à luz. Sete-Luas – “batismo” de Blimunda, porque “vê” no escuro, evidenciando os dotes de clarividência. Algarismo sete – o número sete indicia totalidade completa e perfeita: os sete dias da criação do mundo, os sete dias da semana, os sete pecados mortais, as sete cores do arco-íris… No romance, são várias as referências simbólicas a este algarismo, sendo a mais relevante a perfeita completude de Baltasar e Blimunda, bem como a escolha do momento da sagração do convento: 7 da manhã, do dia 17 de novembro de 1717. Para além disso, há outras ocorrências do número sete: as sete igrejas visitadas pelas mulheres na Quaresma; a infanta batizada por sete bispos; quando Scarlatti vem para Portugal, a língua portuguesa já lhe era familiar há sete anos; Blimunda passa por Lisboa sete vezes em busca de Baltasar. Algarismo nove – segundo alguns estudiosos, o “nove parece ser a medida das gestações, das buscas frutíferas e simboliza o coroamento dos esforços, o concluir de uma criação”. Esta interpretação espelha-se na demanda exaustiva de Blimunda por Baltasar – “Durante nove anos, Blimunda procurou Baltasar”. O convento – o gigantesco edifício barroco é um “jugo” para milhares de homens, representando o “esforço mortífero”; é uma espécie de “esquizofrenia transformada em pedra”. A figura feminina – a mulher, como nos restantes romances do autor, assume um papel relevante e simbólico: no mundo dos pobres, ela cultiva as virtudes de um heroísmo anónimo que nunca lhe é reconhecido e é a única capaz de amar como verdadeiramente deve