resumo
Nietzsche abre sua primeira dissertação admoestando os dissecadores da genealogia da moral de sua época: os psicólogos. À explicação deles da gênese do “bom”, ― conceito nasceria dos atos não egoístas que os homens faziam aos outros, e esses últimos pronunciaram como bons e, sentindo a utilidade nesses atos, amalgamaram no tempo, o “bom” ao “não egoísta”, ao “útil”. Nietzsche substitui esse entendimento pelo de que o “bom”, ou seja, o homem superior, aristocrático, e poderoso, grafou seus próprios atos como “bons”, em contraposição a tudo que era baixo, fraco, e plebeu. E a utilidade não era “útil” por estar vinculada ao ato em si, mas era antes de tudo, pressuposto lógico.
A idéia etimológica de um “bom” não egoístico em oposição ao “mau” egoístico nasceu em seguida com o declínio do poder aristocrático e sua moral. Primordialmente, o “bom” foi o signo lingüístico de distinção entre o forte e nobre, e o “mau”, não existia como tal. Havia sim o “ruim” como signo da plebe. Trata-se portanto de oposição entre “bom”-forte e “ruim”-fraco.
Como a utilidade esteve sempre presente, e ainda hoje o é tão vívido, Nietzsche se pergunta como pode o homem se olvidar, ou não conhecer os ruídos do “bom” primordial? Na resposta Nietzsche refuta parcialmente a explicação do filósofo Spencer que crê no “bom” não somente ligado umbilicalmente ao “útil”; mas como sinônimo. O autor encontra então a solução nos significados da palavra em diversas línguas; Nietzsche diz:
“(...) que significam exatamente, do ponto de vista etimológico, as designações para "bom" cunhadas pelas diversas línguas? Descobri então que todas elas remetem à mesma transformação conceitual - que, em toda parte, "nobre", "aristocrático", no sentido social, é o conceito básico a partir do qual necessariamente se desenvolveu "bom", no sentido de "espiritualmente nobre", "aristocrático", de "espiritualmente bem-nascido", "espiritualmente privilegiado": um