Resumo
O problema cosmológico refere-se ao mundo. "Estudo do mundo" é, de fato, o que significa a palavra “cosmológica”, em sentido etimológico.
O mundo é uma realidade problemática sob múltiplos aspectos: sua origem, seus elementos constitutivos fundamentais, sua duração, seu fim último.
Acerca do mundo e com vistas à solução dos problemas mencionados, pode-se formular um duplo discurso, científico e filosófico. No primeiro caso, propõe-se uma descrição dos fenômenos, especialmente em suas relações de conjunto e em seu devir, interpretandoos segundo critérios lógicos, destinados a estabelecer entre eles uma ordem, uma estrutura, uma lei de conservação e de evolução. No segundo caso, apresenta-se uma interpretação geral dos fenômenos do universo, em sua natureza essencial, em suas propriedades, em seu fundamento último.
Essa distinção entre discurso científico e filosófico é conquista bem recente do pensamento humano. Ela tornou-se possível apenas com o surgimento das ciências experimentais, isto é, durante o século XVII. Antes disso, as pesquisas dos metafísicos e os estudos dos astrônomos e físicos eram considerados partes de uma grande disciplina, a filosofia. O problema cosmológico foi um dos primeiros que a mente humana se colocou. Tão logo o homem adquiriu o poder de refletir, começou a interrogar-se sobre a origem das coisas: quem é a sua causa última? De que modo essa causa produziu todo o complexo sistema do universo? Qual é o constitutivo fundamental do mundo?
A essas perguntas os homens trataram de responder muito tempo antes de serem descobertos os instrumentos lógicos de pesquisa, próprios da filosofia, utilizando-se dos instrumentos expressivos do mito.
Os poemas de Homero e Hesíodo são documentos preciosos de algumas explicações cosmo lógicas de caráter mítico. Nessas obras, o universo é considerado como uma grande cidade, da qual fazem parte, além dos homens, também os deuses. Como a cidade, assim o
universo