Resumo: A captura da subjetividade pela violência simbólica da indústria cultural.
Neste texto as autoras Caniato, Cesnik e Rodrigues, baseando-se em obras de Adorno, Horkheimer, Maar e Freud, fazem uma reflexão sobre a violência internalizada, causada pela Industria cultural (cultura de massa), onde o indivíduo manifesta traços sadomasoquistas, e torna-se indiferente ao próprio sofrimento e sofrimento alheio. Impedido de direcionar sua agressividade a essa violência externa, ela volta-se ao próprio ego do indivíduo, expressando-se em autopunições, principalmente no sentimento de culpabilidade, delineado por Freud (1930). Os autores aprofundam a proposição marxista de que no capitalismo as produções humanas tornam-se alheias ao próprio homem, sendo que a própria cultura é um produto que passou a ser utilizado para dominar os homens e mantê-los na condição de opressão. A “cultura” passou a ser regida pelas leias da mercadoria, e não mais como ela deveria ser, de acordo com Adorno (1986a), que afirma que a cultura deveria proporcionar aos indivíduos os elementos necessários para uma oposição crítica à realidade e, com isso, ferramentas para a construção de sua autonomia; ou como descreveria Freud (1930/1981), a cultura serve para “distanciar a nossa vida de nossos antecessores animais, proteger-nos da natureza e regular as relações dos homens entre si”. Com base nisso, podemos entender que a indústria cultural não é cultura. Ela não é algo construído pelos próprios indivíduos, mas imposto. Seu objetivo primeiro não é a melhoria das condições humanas, mas o lucro. A indústria cultural vai na contramão da construção da autonomia, visto que busca manipular as massas de consumidores e lhes transmitir padrões de comportamento conformistas. Ou seja: “o consumidor não é rei como a indústria cultural gostaria de fazer crer, ele não é sujeito da indústria, mas seu objeto” (Adorno, 1986b). Os indivíduos, nessa perspectiva, são tratados ardil e glamourosamente pela indústria