Resumo trecho livro "Fonética e fonologia do português" de Thais Cristofaro
Páginas 162 a 192
O fonema /l/ tem duas possibilidades: em posição final da sílaba pode ocorrer como lateral alveolar (ou dental) velarizada [ɫ] e com a vocalização do fonema /l/ em posição final da sílaba. Palavras como cal e alça, ficariam ['kaɫ] e ['aɫsə], no primeiro caso e ['kaw] e ['awsə], no segundo caso. Além do arquifonema /S/ e do /R/ pós-vocálico, o fonema /l/ também ocorre em posição pós vocálica em português (cf. /'paS/ “paz”; /'maR/ “mar”; e /'kal/ “cal”). Um quarto elemento pós vocálico pode ser o arquifonema nasal /N/ que é atestado por exemplo em uma forma fonêmica como /'laN/ da forma fonética “lã”.
A estrutura máxima das sílabas em português é C1C2VV'C3C4. O número da sílaba é a vogal V, o único elemento obrigatório enquanto o glide e as consoantes são elementos opcionais. Uma palavra em que tal sílaba ocorre é “trans.por.te”.
Em posição tônica, em português temos sete vogais orais (i,e,ɛ,a,o,ɔ,u) e cinco vogais nasais (ĩ,ẽ,ã,õ,ũ). A proposta de que há fonemas distintos para as vogais nasais e orais, implica em assumir um conjunto de doze fonemas vocálicos. Já a proposta de que as vogais nasais consistem da combinação de uma vogal oral com o arquifonema nasal /N/ implica em assumir-se um conjunto de sete fonemas vocálicos. Autores como Head, Pontes e Back defendem a oposição fonêmica entre vogais orais e nasais. Caso contrário, as vogais nasais seriam presentadas fonemicamente como /iN, eN, aN, oN, uN/, defendido por Mattoso Câmara.
Caso essa proposta de Mattoso Câmara acontecesse, teriamos de assumir também que as vogais nasais possuem a estrutura silábica de uma sílaba fechada, que são aquelas que terminam que uma consoante. Por exemplo, ['ũ] /'uN/ “um” temos a sílaba travada pelo arquifonema /N/.
Se duas vogais ocorrem em uma sílaba bem formada do português, uma será assilábica (glide). O glide pode proceder ou seguir a