Resumo microfísica do poder
Segundo Foucault (2008, p.79-98), a Medicina Social já existe no século XVIII. O controle da sociedade sobre os indivíduos não começa pela consciência ou pela ideologia, mas no corpo e pelo corpo. Em outras palavras, o corpo se apresenta como objeto biopolítico. E a Medicina, igualmente, torna-se uma estratégia biopolítica, institucionalizada por força da Soberania do Estado. De acordo com Michel Foucault (ibidem), no capítulo que discute o Nascimento da Medicina Social, há três etapas históricas que delimitam a relação temática Saúde-doença: 1- a fase da Medicina de Estado; 2- da Medicina urbana; 3- e da Medicina da força de trabalho.
Na Alemanha, a Medicina de Estado reflete o fortalecimento da Soberania naquele país, cuja maior preocupação era controlar a morbidade entre os súditos através da contabilidade realizada pelos médicos nos hospitais.
Na França, a Medicina Social foi destinada ao enfrentamento da questão urbana: havia cemitérios no meio da cidade, matadouros, amontoados de favelas e ossuários particulares que ameaçavam a estética e a qualidade de vida da Paris no século XIX. Foi essa a preocupação, aparente, da reforma empreendida por Napoleão III que transformou o espaço da capital com largas avenidas e monumentos a fim de evitar, essencialmente, as aglomerações sociais perigosas.
No caso inglês, o pobre jamais poderia ser excluído da cidade porque ele constituía a base do cotidiano. Não havia, até então, correio público, e as correspondências eram transportadas pelos populares, os mesmos que aproveitavam o lixo e os entulhos das vias urbanas. Ainda no século XVIII, as casas não tinham numeração e eram justamente as pessoas do povo que melhor conheciam o espaço urbano porque estavam sempre vagando pela cidade. Eram úteis, escreve Foucault (ibidem).
Mas no século XIX, os pobres desempregados e miseráveis serão transformados em criaturas socialmente perigosas. O medo político e sanitário justificou, mais tarde, a