Resumo: luzes e sombras. freud e o advento da psicanalise
História da Psicologia: Rumos e percursos (2011) - Cap. 23
O nascimento da psicanálise está fortemente ligado ao rico solo cultural de influências européias e da biografia de seu fundador, Singmund Freud (1856-1939). Não se sugere que por isso Freud tenha sido um gênio excepcional capaz de criar toda uma teoria a partir do nada, ou de si. Entretanto, as experiências vividas por ele são fundamentais para o entendimento da evolução da psicanálise, já que ele observou os fenômenos psíquicos principalmente em si mesmo. Por isso diferentemente de outras teorias, a psicanálise tem a peculiaridade epistemológica de levar-se muito em conta a biografia de seu autor.
A origem judaica de Freud influenciou bastante a sua formação. Segundo o próprio, ela o conferiu uma tendência à crítica e independência intelectual fundamentais para a criação de uma ciência polêmica. Do ponto de vista mais sociológico, o anti-semitismo atrasou sua ascensão na carreira universitária. A escolha de Carl Gustav Jung (1875-1961) como primeiro presidente do IPA (International Association of Psychoanalysis) foi devido este ser protestante e Freud não querer que a psicanálise ficasse conhecida como uma “ciência judáica”.
Durante a juventude Freud aprendeu diversos idiomas, inicia os estudos de humanidades e desenvolve verdadeira paixão pela literatura, além de admirar a pintura e escultura. Isso molda as afeições da psicanálise e o seu próprio estilo de escrita, tanto que o único prêmio que recebeu em vida foi de literatura (Prêmio Goethe). Tais fatos remetem uma antiga discussão: o saber psicanalítico estaria mais próximo da ciência ou das artes? Para seu fundador não havia dúvidas, ele sempre reivindicou o status de ciência para a disciplina que criara.
Ao ingressar na Faculdade de Medicina, o jovem Freud é introduzido na forte tradição da ciência experimental e positivista, hegemônica entre seus