Resumo do texto "O Enigma da Democracia em Marx"

Segundo Thamy Pogrebinschi, em “O Enigma da Democracia em Marx”, publicado na Revista Brasileira de Ciências Sociais- Vol. 22 Nº.63, Marx afirma que a democracia é o enigma resolvido de toda constituição. Um enigma resolvido é aquele que se sabe ser a solução do próprio problema para o qual aponta. O problema principal, de acordo com Marx, diz respeito à contradição entre o Estado e a sociedade civil. A autora aponta que quando a democracia atinge a sua verdade, ela supera a si mesma, é única solução possível para dois extremos reais (estado e sociedade civil) que, como tais, não admitem mediação. Nenhuma relação de subordinação ou dependência passa a ser possível entre uma e outra esfera. Marx afirma que “todas as formas de Estado têm a democracia como sua verdade e por esta razão elas são falsas, na medida em que não são a democracia”. A verdadeira democracia, por sua vez, não se identifica com nenhuma dessas formas e, ao contrário, se insurge em oposição a elas. Marx rejeita todas as formas políticas que acompanham a moderna idéia de Estado. A contradição entre o Estado e a sociedade civil deve ser superada para que, então, se possa encontrar o verdadeiro significado da democracia. O conceito marxiano de democracia não se trata da “democracia real”, aquela que se verifica hoje empiricamente ao redor do mundo, trata-se de um “meio-termo” entre as democracias grega, romana, americana e francesa. Trata-se, afinal, da essência da democracia.
Marx afirma ainda que extremos reais não podem ser mediados precisamente porque são extremos reais. Nem precisam eles de mediação, porque são totalmente opostos. Eles não têm nada em comum um com o outro, não têm necessidade um do outro, não se complementam um ao outro. Portanto, a única relação possível entre os dois termos de uma contradição é a de exclusão. Não há mediação possível entre o Estado e a sociedade civil. É por isso que Marx mostra que a representação, por exemplo, não serve à democracia, pois ela constitui uma